A vez do cinema independente

A Sessão Vitrine Petrobras chega a 21 cidades do Brasil, incluindo Salvador, com programação singular de filmes brasileiros

– Estreia nesta quinta, 9 de fevereiro –

 

Jornal A Tarde, 7 fev 2017
RAFAEL CARVALHO São Paulo, Especial para A TARDE
(Veja versão em formato PDF)

 

A Vitrine Filmes é uma das distribuidoras de filmes brasileiros mais ativas do país. Agora com o patrocínio da Petrobras, a Vitrine dá um passo maior ao criar a Sessão Vitrine Petrobras. O projeto promete pôr em circuito comercial, só neste ano, mais de 15 filmes brasileiros, de caráter independente, com sessões a preços acessíveis (R$ 12 a inteira). Os filmes terão, ao menos, uma sessão diária com horário fixo nos mesmos cinemas das 21 cidades participantes. Em Salvador, as exibições acontecem no Itaú Glauber Rocha.De acordo com Silvia Cruz, criadora do projeto e da Vitrine Filmes, outros cinemas poderão ser incorporados ao circuito, a depender do interesse. Cada filme ficará em cartaz por, no mínimo,duas semanas em cada um dos cinemas. “Queríamos fazer um projeto em que as sessões fossem constantes.Um dos objetivos é criar nas pessoas o hábito de ir ao cinema, em determinado horário, paraver filme brasileiro”, reforça Silvia.

Jonas e o Circo Sem Lona, de Paula Gomes. Estreia em 16 de março.

 

Filme baiano
Um dos títulos confirmados no projeto é o longa documental baiano Jonas e o Circo Sem Lona. Depois de ter passado por diversos festivais internacionais,e já ter sido exibido na Bahia,durante o CachoeiraDoc – Festival de Documentários de Cachoeira e também no Panorama Internacional Coisa de Cinema,o filme ganha as salas comerciais. “Queremos atingir um público que a gente sabe que está aí,sedento por outros olhares, por novas histórias, mas que por todas as dificuldades em exibir/distribuir no país, na maioria das vezes temos dificuldades de chegar até ele. Por isso é tão importante pra gente fazer parte da Sessão Vitrine”, conta a diretora,Paula Gomes. Jonas e o Circo sem Lona já foi exibido em 20 países, angariando diversos prêmios. Agora mesmo no início de fevereiro foi escolhido como melhor Ópera Prima no Festival Miradas Doc, na Espanha. O filme será lançado nos cinemas no dia 16 de março. Pouco antes desse dia,em data ainda a confirmar,a equipe do longa participa de pré-estreia e debate com o público.

Martírio, documentário de Vincente Carelli sobre a luta dos guarani-kaiowá

 

Outros títulos
Até agora já foram confirmados 15 títulos,alguns com data marcada. A ideia é que a cada duas semanas um novo filme faça sua estreia. O primeiro deles é A Cidade Onde Envelheço, de Marília Rocha, filme vencedor da última edição do Festival de Brasília, que chega aos cinemas já nesta quinta-feira. Depois, em 2 de março, é a vez de Waiting for B., de Paulo Cesar Toledo e Abigail Spindel, divertido documentário sobre os fãs brasileiros da cantora pop Beyoncé que acamparam por dias para garantir ingressos para o show que ela fez em São Paulo. Martírio, monumental longa de Vincent Carelli sobre a luta histórica sofrida pelos povos indígenas guarani-kaiowá, em busca de legitimação no território brasileiro, também está confirmado.Entra em cartaz no dia 13 abril.

“Hoje o cinema brasileiro independente sofre muitos ataques que se perpetuam porque o público não conhece essas histórias, já que o circuito exibidor é muito duro.Queremos discutir a relevância desse cinema”, revelou Davi Pretto. Ele é diretor de Rifle, filme que foi o vencedor do Panorama e que também integra o projeto. A escolha dos filmes da Sessão Vitrine está atenta também ao processo de coprodução entre países.Um dos destaques é o longa O Ornitólogo, de João Pedro Rodrigues. A produção é portuguesa, mas tem participação da França e do Brasil, o que torna o filme também um produto brasileiro. “A proposta da curadoria é fazer um recorte do cenário audiovisual brasileiro atual, e vemos que as coproduções estão caminhando de forma muito mais sólida no contexto nacional”, pontua uma das curadoras do projeto, Talita Arruda. Há filmes dirigidos por realizadores brasileiros, no Brasil, com elenco estrangeiro – como é o caso de A Cidade Onde Envelheço. E há também projetos de outras nacionalidades com apoio brasileiro, como O Ornitólogo, e o longa ainda inédito do cineasta argentino Pablo Giorgelli, Invisible.

 

O gargalo da distribuição
Dados divulgados no mês anterior pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) mostram que 2016 foi um ano com recorde de 143 filmes brasileiros lançados comercialmente nos cinemas. Foram vendidos cerca de 30,4 milhões de ingressos para filmes brasileiros, o melhor resultado desde 1984. “Foi um ano muito bom para o cinema, mas não podemos deixar de perceber que 66% dos filmes lançados não chegam a 10 mil espectadores”, revela Silvia Cruz. A diretora da Vitrine também pontua que os cinemas de rua, geralmente acolhedores para o cinema independente, têm diminuído no Brasil. O gargalo da distribuição dos filmes no país é hoje um dos grandes problemas para as produtoras e realizadores. Iniciativas como a Sessão Vitrine Petrobras reforçam a necessidade de o público tomar conhecimento e ter acesso aos filmes que muitas vezes ficam restritos ao circuito de mostras e festivais.


Mais informações e programação no site www.sessaovitrine.com.br

facebook.com/sessaovitrine

#SessãoVitrinePetrobras 

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