Matéria publicada no jornal A Tarde em 20/jan/2016
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Filmes baianos marcam presença em Tiradentes
19ª edição da mostra abre calendário audiovisual do país de 2016 e apresenta o novo cinema contemporâneo brasileiro
Rafael Carvalho | Especial para A Tarde

“A Noite Escura da Alma”, do baiano Henrique Dantas, é inédito no Brasil
A Mostra de Cinema de Tiradentes é um dos eventos mais desafiadores e interessantes do calendário nacional de festivais de cinema. O filme brasileiro de maior risco e pulsão criativa tem na mostra lugar cativo para ser visto e discutido por uma plateia atenta e exigente.
A 19ª edição da mostra começa sexta-feira, 22, e segue até o dia 30 de janeiro na acolhedora cidade mineira. A mostra Aurora, de caráter competitivo, apresenta longas de diretores em seus primeiros filmes, valorizando propostas de reinvenção.
Um dos destaques é a produção pernambucana “Animal Político”, de Tião, filme que já foi selecionado para o prestigioso Festival de Roterdã, na Holanda. Também concorrem “Banco Imobiliário”, de Miguel Antunes Ramos, e “Filme de Aborto”, de Lincoln Péricles.
Cineasta pioneiro
Uma das presenças mais inusitadas na competição é a do cineasta baiano ” dos Santos, um dos pioneiros do Cinema Novo. Ele apresenta “Índios Zoró – Antes, Agora e Depois?”, documentário realizado em Pernambuco.
Luiz Paulino manteve-se por muito tempo recluso e longe do cinema, participando de algumas produções esporadicamente. Sua última aparição foi como ator no longa “O Homem que Não Dormia”, de Edgard Navarro.
O diretor, aos 83 anos, chega a Tiradentes com seu terceiro filme, depois de ter sido o diretor de primeira hora de “Barravento” (1961), mítico filme que seria repassado para as mãos de Glauber Rocha.

Tropykaos, do diretor Daniel Lisboa, um dos destaques baianos

Índios Zoró – Antes Hoje e Agora?, de Luiz Paulino dos Santos
Cena baiana
Dentro da mostra Transições, dois filmes baianos marcam presença. “A Noite Escura da Alma”, de Henrique Dantas, é inédito no Brasil depois de ter sido exibido no Chile. O longa lança mão de linguagem experimental para relatar casos de tortura durante a ditadura militar na Bahia.
Também será exibido “Tropykaos”, do diretor Daniel Lisboa. O filme já circulou por alguns festivais nacionais e teve primeira exibição em Salvador durante o Panorama Internacional Coisa de Cinema em novembro passado.
“Tiradentes é um dos festivais especiais que temos no País por conta do rigor da curadoria e dos debates em torno dos filmes”, relata Lisboa, feliz pela concretização da vontade de exibir o filme no festival mineiro.
A Mostra Tiradentes encerra com a exibição de Para Minha Amada Morta”, dirigido pelo baiano Aly Muritiba, vencedor de diversos prêmios na última edição do Festival de Brasília e também exibido no Panorama Coisa de Cinema.
Olhar marginal
A Mostra Tiradentes presta justíssima homenagem ao cineasta Andrea Tonacci. Trata-se de um dos diretores brasileiros mais importantes em atividade hoje, figura fundamental para a vitalidade do cinema marginal que eclodiu em fins da década de 1960.
Não à toa o filme de abertura será “Serras da Desordem”, obra-prima de Tonacci, que lança luz sobre o genocídio indígena no Brasil. O filme é precursor de muitas propostas atuais que mesclam documentário e ficção e foi revelado justamente pela Mostra Tiradentes há exatos dez anos.
Outros filmes de Tonacci também serão apresentados na mostra, como o longa-metragem Bang Bang e o curta Blá Blá Blá.
Fonte: www.atarde.uol.com.br/cinema/noticias/1740356-filmes-baianos-marcam-presenca-em-tiradentes-premium
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