I Encontro Nacional de Cinema de Animação

Matéria escrita por Antônio Moreno e publicada na revista Cinemin nº 34, junho/ 1987 – Editora EBAL

 

Dentro da série História da Animação vamos abrir um parêntesis e resgatar esta matéria de Antônio Moreno sobre o I Encontro Nacional de Cinema de Animação, realizado em Olinda (PE), de 25 a 28 de março de 1987, sob coordenação de Lula Gonzaga. (Veja post sobre o II Encontro, realizado em São Paulo em 1988).

Ele relata a ampla participação de realizadores de todo o país, a programação diversificada, as discussões sobre produção e (adivinhe) distribuição de filmes, questões sobre fortalecimento de núcleos regionais, além de várias mostras de filmes e um mutirão que produziu um filme animado durante o evento.

Clique na imagem para ver a matéria em formato PDF.

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MOSTRAS DE FILMES

Pelo relato de Antônio Moreno, as mostras compostas por curtas e pouquíssimos longas apresentavam a grande diversidade na produção brasileira desde aquela época, seja em gênero, técnica ou suporte.

Começando pela exibição de filmes históricos, como Macaco Feio, Macaco Bonito, de Luis Seel e João Stamato (1929/33) e Sinfonia Amazônica, de Anélio Lattini Filho (1935), passando por filmes produzidos em várias regiões do Brasil, com técnicas e linguagens tradicionais às experimentais, em 35mm, 16mm, vídeo ou Super-8. Poucas produções contavam com algumas cenas de “animação computadorizada” utilizando equipamentos como o moderno microcomputador Expert MSX.

Veja o clássico Meow, de Marcos Magalhães, produzido em 1981, mas que permanece atualíssimo. Prêmio Especial do Júri do Festival de Cannes em 1982.

Além de contemplar o passado e o presente (da época), o evento apontou para o futuro através de mostras com filmes realizados por alunos de animação, como o 1º curso do Núcleo de Animação do Centro Técnico da Embrafilme (RJ), todos coordenados por Marcos Magalhães e os canadenses Pierre Veilleux e Jean Thomas Bédard, do National Film Board of Canada. Três programas apresentaram 17 filmes produzidos por alunos (entre 7 a 14 anos) do Núcleo de Cinema de Animação de Campinas, coordenados por Maurício Squarisi e Wilson Lazaretti.

MUTIRÃO
Sob coordenação de Lula Gonzaga e Silvana Delácio (PE) e Chico e Alba Liberato (BA), o mutirão para realização de um desenho animado de 7 minutos contou com a participação de 73 pessoas, de diversas idades, durante quatro dias.

O filme foi exibido no encerramento do encontro, junto com outra produção coletiva, o famoso Planeta Terra, uma coletânea de cenas realizadas por 30 animadores brasileiros em homenagem ao Ano Internacional da Paz/ 1986.

CARTA DE OLINDA
Uma vasta lista de nomes de animadores brasileiros compõe este artigo de Antônio Moreno, que faz uma minuciosa descrição (praticamente uma ata) das discussões e propostas levantadas durante o encontro, que resultou na Carta de Olinda, devidamente encaminhada à Embrafilme.

Mais de 25 anos depois estamos em um cenário muito diferente, mas alguns itens permanecem na pauta, como a distribuição, regionalização e financiamento. Em outro estágio evolutivo, mas sempre presentes.

Se você participou de alguma atividade deste encontro deixe seu comentário, mande fotos, ajude a contar essa história.

 

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  3. \ Parabéns pelo belo trabalho de resgate da memória da Animação Brasileira. Um forte abraço!

  4. Alba Liberato on

    Ué, me admirei com a afirmativa:poucas produções contavam com algumas cenas de “animação computadorizada” utilizando equipamentos como o moderno microcomputador Expert MSX. Haviam cenas computadorizadas?!!! Alguem viajou aí, eu ou Fausto. Porque acho que nem computador doméstico havia. Enfim, dados pra pesquisador. bela matéria sobre encontro memorável no frescor dos nossos primeiros vinte anos de animação, rsrsrs. O mais importante é que nos encontravamos presencialmente e juntos éramos brasas a atear fogo na imaginação, na força da união,com muito mais poder de reinvidicar o que está citado. Grata nosso amigo Antonio Moreno, por ter perenizado o encontro. Vou ver tudo devagarinho, miudinho, com muito prazer. Penso que Marcos tem cópia do filme sobre a paz, ilustrado aqui com o Oxalá de Chico. Saravá! Alba Liberato

    • Repassei do jeito que Antonio Moreno escreveu. Mas em 1987 já existiam os chamados computadores pessoais. Eram umas carroças, ainda mais porque estávamos sob a chamada “reserva de mercado”. Produtoras, escritórios de arquitetura e empresas da área gráfica conseguiam importar equipamentos melhores. Olha só essa propaganda do Gradiente Expert MSX que era veiculada na TV em 1985:
      https://www.youtube.com/watch?v=HUxsme_oja0

      Em breve publico a matéria que ele escreveu sobre o II Encontro, além de outras relíquias… aguarde!

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